quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Resultado PISA no Brasil e na Espanha

Olá, queridos!

        Hoje vou dar uma pausa e falar um pouco de como a imprensa e a sociedade do Brasil e da Espanha encararam o anúncio dos resultados do PISA no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) 2012 divulgados ontem.

         Quando se muda de país, se muda de ponto de vista. Para tudo. Se relativiza desde o tempo - como está calor hoje, 15 graus! - até a maneira de se comprar um pão na padaria. Quanto à educação não poderia ser diferente.

           O resultado do Brasil no teste foi desastroso, me desculpe o ministro. O Brasil ocupa o 58º lugar em matemática, o 55º lugar em leitura e o 59º lugar em ciências em um ranking de 65 países. Avançamos, mas ainda estamos lá na lanterna. Aliás, todos os países da América Latina foram mal e o Peru ostenta a duvidosa honra de ser o último. Péssimo para um continente que se gaba de estar crescendo em níveis enconômicos e sociais de forma espantosa. Sei que educação é algo que se notará no futuro, mas já não temos uma década de prosperidade econômica? Cadê o futuro?

           Quanto a Espanha, também foi desastroso.  O país ficou em 25 lugar, em Matemática; 23, em leitura e 21, em Ciências. Ora, direis, isso é ótimo! Comparado com a gente...Muito bem! Neste ponto queria chegar. Tudo depende de como comparamos e com quem confrontamos estes dados. O Brasil se comparou com os vizinhos latino-americanos; a Espanha o fez com os seus coleguinhas da Europa. A grama do vizinho sempre nos parecerá mais verde e mesmo os finlandeses estão invejando o gramado dos chineses, pois a Finlândia despencou 12 posições.

        O Brasil está mal em educação, não há a menor dúvida e ainda não parece ter colocado a educação no seu devido lugar. Sobram iniciativas, temos bons medidores, mas na realidade, recursos preciosos estão indo para outros setores ou para o bolso de alguém. Educação não é só sala de aula. De que adianta uma escola linda com um tiroteio lá fora?

       Já a Espanha enfrenta a crise econômica, um território que tem dificuldades de se pensar como nação e o desafio de lidar com populações imigrantes que necessitam ser escolarizadas.A crise fez o governo atual cortar a verba da merenda escolar e de muitas ajudas econômicas e isto será sentido em alguns anos. Outro problema é que as comunidades autônomas são muito independentes para ensinar o que desejam. Isto ficou patente nos resultados dos alunos do norte que obtiveram notas máximas e as comunidades do sul que amargaram uma avaliação medíocre. Quanto à população imigrante é um problema que o professor e a escola tem que colocar todo seu empenho. Como ensinar para um estudante que vem de outra realidade cultural, linguística e socio-econômica?

        Outro aspecto que me impressiona é a maneira como o assunto é abordado pela imprensa brasileira. Na televisão, a mocinha que o anunciava lamentou o ocorrido, mas destacou que ao menos estávamos à frente da Argentina. Oi? A Argentina vem despencando seu nível educativo e claro está que não fomos nós que melhoramos, eles é que pioraram bastante. Quando vamos deixar de encarar tudo pela ótica do futebol? Igualmente, na imprensa escrita, o tema rendeu até o anúncio da nova bola da Copa. Convenhamos que é bem mais importante conhecer a Brazuca que ficar discutindo se o cidadão entende ou não o que está lendo. Engraçado que para os resultados do Enem rios de tinta correram. Será que era para fazer propaganda das escolas privadas gratuitamente? Eis a questão.

        Deste lado do Atântico não houve jornal de bairro que não pusesse a notícia na primeira página. Desde que a Espanha entrou para a UE, em 1986 e aspira ser uma grande economia do mundo, eles se comparam aos outros países da região e descobrem que são os últimos colocados no ranking educativo. Por isso o desespero e o o tom de lamúria de sempre e as críticas ferozes ao governo e à reforma educativa que desejam implantar à revelia dos professores. A Espanha está idealizando cada vez mais o seu passado pré-crise e isso é uma armadilha sem volta.

        É preciso mudar a mentalidade imediatista e impaciente de ambos países, pois é necessário que se entenda que as transformações no campo educativo só vem mais tarde em uma ou duas gerações. Mas, principalmente, é fundamental entender a educação como um processo e não como moeda politica para se ganhar as próximas eleições. Como boa professora tenho que perguntar: alguma dúvida, senhores políticos?

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